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A Essência de Eros: Reflexões Éticas para Terapeutas Holísticos e Tarólogos

  • Foto do escritor: Nayara Sobreira
    Nayara Sobreira
  • 15 de fev.
  • 4 min de leitura

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No universo das terapias holísticas e do tarot, a conexão entre o terapeuta e o cliente é a base para que o processo de orientação, cura ou autoconhecimento aconteça. No entanto, como em toda prática de ajuda, há um risco: quando o poder que exercemos sobre o outro não é equilibrado pelo cuidado, pela ética e pela empatia, o resultado pode ser prejudicial.


No livro "O Abuso do Poder na Psicoterapia", Adolf Guggenbühl-Craig nos oferece reflexões profundas sobre como evitar esse desequilíbrio, destacando a importância de Eros como uma força essencial para práticas conscientes.



Eros: O Coração das Práticas Holísticas


O conceito de Eros, trazido pela psicologia analítica de Carl Gustav Jung, vai além da ideia de amor romântico. Para Jung, Eros representa a força que conecta, une e cria vínculos genuínos entre as pessoas. Ele é a base da empatia e da compaixão, e, em um contexto terapêutico, é o elemento que transforma uma interação técnica em uma relação humana significativa.


Como terapeutas holísticos e tarólogos, muitas vezes ocupamos um lugar de autoridade simbólica. As pessoas nos buscam em momentos de dúvida, dor ou desequilíbrio, acreditando que temos ferramentas para ajudá-las a encontrar respostas ou caminhos. É nesse contexto que o Eros deve atuar como um contraponto ao poder.


  • Eros promove conexão: Ele nos lembra de criar um espaço seguro, onde nossos clientes possam explorar suas questões sem medo de julgamento ou manipulação.


  • Eros como limite do poder: Enquanto o poder pode nos levar a querer controlar ou impor soluções, Eros nos convida a respeitar a autonomia do outro e a reconhecer que nossa função é apenas guiar.


Sem Eros, o trabalho holístico pode se tornar frio, autoritário e, às vezes, prejudicial. Jung nos lembra que Eros é a força que humaniza nossas interações, permitindo que o verdadeiro acolhimento e transformação aconteçam. Ele reforça que a verdadeira ajuda não é demonstrar conhecimento ou autoridade, mas oferecer acolhimento e um espaço genuíno de troca.



Críticas às Práticas Terapêuticas Modernas


Adolf Guggenbühl-Craig faz críticas contundentes à psicologia moderna, mas suas reflexões também podem se aplicar ao campo das práticas holísticas e espirituais. Essas reflexões também incluem o papel dos tarólogos, que muitas vezes lidam com os mesmos desafios e responsabilidades éticas. Aqui estão algumas questões que podem nos ajudar a refletir sobre o nosso trabalho:


  • O Perigo do Ego e da Dependência

Como terapeutas holísticos e tarólogos, corremos o risco de criar uma relação de dependência emocional ou espiritual com nossos clientes. Isso pode acontecer porque, em momentos de fragilidade, eles tendem a projetar em nós a solução de seus problemas.

Nosso papel deve ser o de empoderar, ajudando o cliente a encontrar suas próprias respostas, e não alimentando uma relação de submissão.


  • Projeções e Manipulações

Sem perceber, podemos interpretar situações ou fazer leituras a partir de nossas próprias crenças ou experiências, e não do contexto e necessidade do cliente. Em especial no tarot, há o risco de impor interpretações rígidas às cartas, desconsiderando o universo simbólico e subjetivo do consulente.


A prática constante de autorreflexão é essencial para evitar essas armadilhas.


  • O Risco de se Tornar um “Falso Profeta”


Em práticas holísticas, é comum que o terapeuta ou o tarólogo seja visto como alguém com um “acesso especial” a verdades ou energias. Esse reconhecimento pode alimentar o ego do profissional, levando-o a querer impor suas ideias ou parecer infalível.


A humildade deve ser o pilar do nosso trabalho. Somos apenas facilitadores, e o cliente é quem trilha seu próprio caminho.


  • Idealização das Práticas Holísticas e do Tarot

Muitas vezes, acreditamos que podemos "curar" ou resolver todos os problemas do cliente, mas isso pode ser uma armadilha. Algumas dores fazem parte da jornada e trazem aprendizados que não podem (ou não devem) ser eliminados.

Nosso papel é trazer clareza e equilíbrio, ajudando o cliente a lidar com suas experiências, e não prometer soluções mágicas.


  • Comercialização das Práticas Holísticas


A crescente popularização das terapias holísticas e do tarot pode levar à sua banalização ou à transformação em um mercado puramente comercial. Sem ética, o propósito de auxiliar o outro se perde.


É importante encontrar um equilíbrio entre valorizar nosso trabalho e manter a responsabilidade ética e espiritual.



Eros como o Futuro das Práticas Holísticas e do Tarot


Para evitar cair nas armadilhas do poder, Guggenbühl-Craig sugere que Eros seja colocado no centro de toda prática terapêutica. Para nós, terapeutas holísticos e tarólogos, isso significa:


  • Reconhecer a autonomia do cliente: Nosso papel é auxiliar o cliente a encontrar suas próprias respostas, e não impor soluções prontas ou "verdades".


  • Refletir sobre nossas intenções: Antes de qualquer atendimento ou leitura de tarot, pergunte-se: "Isso realmente está servindo ao cliente? Ou está reforçando minhas próprias crenças?"


  • Cultivar a ética e o cuidado: Cada atendimento deve ser uma oportunidade de trazer acolhimento e clareza, sem alimentar dependências ou manipulações.


Além disso, Eros nos lembra que nosso trabalho não é sobre ter todas as respostas, mas sobre criar um espaço onde o cliente se sinta seguro para explorar suas perguntas. A verdadeira transformação acontece quando oferecemos um olhar compassivo e respeitamos o tempo e o caminho de cada pessoa.



Conclusão


Como terapeutas holísticos e tarólogos, temos a oportunidade de transformar vidas, mas essa responsabilidade exige ética, humildade e consciência. Eros é o antídoto contra o abuso de poder, trazendo humanidade, empatia e equilíbrio para cada interação. Ele nos convida a nos conectarmos genuinamente com nossos clientes e a honrar suas jornadas.


Ao colocar Eros no centro do nosso trabalho, criamos relações que não apenas auxiliam no autoconhecimento e na cura, mas também empoderam nossos clientes para que sejam protagonistas de suas próprias vidas. Afinal, o verdadeiro poder das práticas holísticas e do tarot está no respeito, no amor e na conexão.

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